sábado, 1 de dezembro de 2007

Factores de risco na adolescência

Um pouco ao encontro das definições supracitadas, durante a adolescência, especialmente na puberdade, ocorre um acentuado crescimento físico, período em que há o aumento de 50% do peso e 15% da estatura final do adulto. O crescimento acelerado, acompanhado pelo desenvolvimento psicossocial e estimulação cognitiva intensa, torna as necessidades de energia e nutrientes elevadas, sendo estas atendidas inadequadamente na maioria das vezes. É neste contexto que os adolescentes gozam do fácil acesso a produtos de elevado conteúdo calórico como chocolates, gomas, sandes, refrigerantes, bolachas, bolos, etc. Muitas vezes não tomam o pequeno-almoço, omitem algumas refeições, fazendo a sua substituição por lanches. Estes lanches são, muitas vezes constituídos pelos novos produtos alimentares – “fast-food”. Maus hábitos alimentares, como já havíamos mencionado anteriormente, colabora com o desenvolvimento da obesidade, cujos índices têm crescido nas últimas décadas decorrentes do aumento do consumo de alimentos com alta densidade calórica e redução da actividade física. O hábito de omitir refeições, especialmente o desjejum, juntamente com o consumo de refeições rápidas, fazem parte do estilo de vida dos adolescentes, sendo considerados comportamentos inadequados que podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade.
Traçado o perfil alimentar dos adolescentes, podemos considerá-lo um factor de risco estudado para a compreensão da obesidade nesta faixa etária. Para combater este factor, após conhecer os hábitos alimentares, devemos promover uma alimentação saudável, prevenir perturbações alimentares, prevenir obesidade, promover o gosto pelo próprio corpo e promover o gosto, a escolha e o acesso a uma alimentação saudável.
Paradoxalmente, estudos demonstraram que as adolescentes que realizavam dietas regularmente estavam numa situação de risco acrescido para o desenvolvimento futuro de obesidade, acontecendo o mesmo aquando do recurso a comportamentos radicais de controlo de peso, como o uso de laxantes ou o vómito. (Stice et al., 1999 in Presnell, K., Rohde, P., Shaw, H. & Stice, E., 2005). Uma possível explicação para tal ocorrência prende-se com o facto das adolescentes poderem sobrestimar o número de calorias que podem consumir visto terem recorrido anteriormente aos comportamentos para o controlo de peso. Por outro lado, o aumento da eficiência metabólica resultante dos comportamentos já citados pode também conduzir ao aumento de peso (Klesges et al., 1992 in Presnell, K., Rohde, P., Shaw, H. & Stice, E., 2005).
Um outro factor de risco associado à obesidade na adolescência é a actividade física. Está provado que, entre outros factores, o tempo que um adolescente passa em frente à televisão, pode estar associado à obesidade. A televisão tem assim grande influência sobre os hábitos alimentares e promove o sedentarismo. Este sedentarismo está, naturalmente, associado à falta de exercício físico e é intensificado pelo tempo que os adolescentes dispõem para jogos de computador e Internet. Podemos ainda destacar alguns aspectos de ordem mais sócio-cultural, que podemos associar à mudança do estilo de vida. Referimo-nos ao desenvolvimento tecnológico, às comodidades modernas, como os meios de transporte e os elevadores e o ritmo de vida nas cidades.
Um terceiro factor de risco é a tendência familiar, uma vez que vários estudos comprovam que a obesidade infantil é preditiva da obesidade na vida adulta. Neste sentido, afirma-se uma predisposição hereditária para o excesso de peso.
Para além disso, alguns estudos referem que pais obesos têm grande probabilidade de ter filhos obesos e um adolescente obeso tem mais de 70% de probabilidade de vir a ser um adulto obeso.
De um ponto de vista mais psicológico, a sintomatologia depressiva demonstrou ser de um modo robusto um factor de vulnerabilidade para o estabelecimento da obesidade. Tal facto pode ser explicado pela Modelo Etiológico da Regulação do Afecto, onde os indivíduos deprimidos recorrem aos alimentos de modo a fornecer conforto e distracção das emoções negativas (Hoppa & Hallstrom, 1981 in Presnell, K., Rohde, P., Shaw, H. & Stice, E., 2005).

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