sábado, 1 de dezembro de 2007

Compreensão da obesidade em termos psicológicos

(pela sua estrutura esquemática, este tópico irá incidir sobre uma única fonte bibliográfica: Dobrow, Kamenetz e Devlin, 2002)

No esquema abaixo apresentado, é possível observar que as pessoas em relação aos comportamentos alimentares entram em ciclos, ou seja, umas coisas levam a outras até que o ciclo é formado e a pessoa se sente quase como que empurrada a realizar os comportamentos que tenta evitar. Como em qualquer ciclo, o início do mesmo pode ser um dos seus vários pontos, para simplificar começaremos pelo que aparece em primeiro lugar, no esquema.


Existem várias situações e estados emocionais que a pessoa pode sentir em qualquer altura a que chamamos de estímulos activadores, pois iniciam facilmente o ciclo ao provocar desconforto emocional. Na fase seguinte, a pessoa já se sente desconfortável e a necessidade principal é diminuir ou eliminar o desconforto gerado, activam-se, para tal, as crenças associadas a este processo, como por exemplo, a ideia de que comer algo vai deixar a pessoa mais calma.
As crenças, na maior parte das vezes, não são conscientes, ou seja, são ideias em que aprendemos a acreditar ao longo da vida e das nossas experiências, mas que não pensamos nelas. Ocorrem na nossa mente de forma muito rápida e sem que nos apercebamos, excepto no caso de fazermos um esforço por nos apercebermos delas, elas surgem de forma inconsciente.
As crenças activadoras dão origem a pensamentos, esses sim conscientes, mas não propositados, por esta razão são chamados de pensamentos automáticos. Estes geram necessidades que são sentidas de forma muito forte e que desencadeiam um conjunto de crenças chamadas facilitadoras, cuja função é precisamente facilitar o comportamento, i.é, são um conjunto de “desculpas” que a pessoa arranja para legitimar o comportamento.
Rapidamente a pessoa se foca nas estratégias que vai pôr em prática de modo a conseguir satisfazer a necessidade de comer que se gerou. Normalmente é muito difícil de parar nesta fase, a maior parte das pessoas quando está nesta etapa do ciclo não consegue interromper o comportamento, acabando por comer.
Precisamente devido à força das últimas fases descritas e à consciência que se tem das mesmas, a pessoa acaba por sentir que “falhou” mais uma vez nas tentativas de seguir uma dieta alimentar mais equilibrada. Todas as emoções relacionadas com o mal-estar que esta constatação produz, têm como consequência diminuir a auto-estima a vários níveis, a pessoa sente-se menos capaz, começa a acreditar que não tem suficiente força de vontade, sente-se mais “feia” fisicamente, desiludida com ela própria, etc.
A diminuição da auto-estima pode conduzir a sintomas de ansiedade, depressão e a conflitos interpessoais. Como se observou anteriormente, estes aspectos constituem os estímulos activadores do ciclo, ou seja, compreende-se agora de que forma estamos perante um ciclo vicioso e difícil de quebrar.

Nenhum comentário: