sábado, 1 de dezembro de 2007

Introdução

A obesidade é provavelmente o mais antigo distúrbio metabólico, havendo relatos da ocorrência desta desordem em múmias egípcias e em esculturas gregas (Blumenkrantz, 1997). Durante séculos, gordura foi sinónimo de formosura e não fazia qualquer sentido adjectivar como feio um indivíduo de coxas redondas e barriga proeminente. No entanto, em pouco tempo, tudo se alterou e o dogma de que “magreza é beleza” passou a ser a premissa dominante nas sociedades actuais. Nessa transição de mentalidade, os obesos deixaram de ser formosos e passaram a ser encarados como disformes, entrando em crises de tristeza, depressão e exclusão social, o que os levou a ficar ainda mais gordos (Rosa, 2007 cit Novaes, 2007).
Esta doença, classificada como perturbação física, é bastante influenciada, na sua etiologia e evolução, por questões psicológicas, daí que a abordagem desta temática se enquadre, com todo o sentido, nesta tarefa académica.
Assim, tentámos explorar as dimensões que consideramos mais importantes para uma compreensão mais profunda e consciente da doença, começando por recolher algumas definições possíveis de obesidade, tendo em consideração autores que contribuíram para o seu aprofundamento e desenvolvimento. De seguida, procedemos ao enquadramento teórico das várias perspectivas teóricas sobre a obesidade e à sua epidemiologia.
Após esta abordagem inicial, salientamos o carácter multideterminado e as implicações futuras associados à doença, atribuindo especial relevância ao período da adolescência, visto ser uma fase em que ocorrem importantes mudanças a nível físico, social e psicológico que tornam o adolescente mais vulnerável à obesidade e por ser também um factor preditor da presença do excesso de peso no estado adulto.
Depois desta primeira conceptualização, passamos à análise das várias formas de tratamento, apontando o modelo cognitivo-comportamental como o mais eficaz, pelas estratégias de intervenção que preconiza com reconhecido sucesso, e tentando compreender e sublinhar o papel do psicólogo em todo este processo.
Em última análise consideramos relevante abordar a obesidade mórbida, por ser uma realidade cada vez mais frequente, de tal forma que levou a uma recente actualização dos valores do Índice de Massa Corporal (IMC).
Em suma, a elevada prevalência, as doenças associadas, a dificuldade de tratamento, os custos elevados e, por vezes, a falta de informação fazem com que seja um tema quente que mereça uma explicação correcta e um tratamento clínico abrangente e adequado.

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