sábado, 1 de dezembro de 2007

Diagnóstico e classificação

Através de uma vasta gama de técnicas podemos avaliar/diagnosticar e classificar a composição corporal humana.
Maham & Escott-Stump (1998) referem que o obeso é definido como estando 20% acima do peso desejável e o severamente obeso como aquele que se encontra 40% acima do peso desejável. Por sua vez, Santiago e tal. (1998) referem que o excesso de peso se situa num percentil acima de 90 e obesidade num percentil acima de 97.
Relativamente ao diagnóstico e classificação encontramos várias perspectivas que diferem conforme o critério que se adopte como referência. Neste sentido, relativamente aos métodos, podemos falar da tabela de percentis, do Índice de Massa Corporal, do Índice Cintura/anca, de medidas antropométricas: medição das pregas cutâneas e outros métodos como a ecografia, a tomografia computorizada, a ressonância magnética, os infravermelhos.
A tabela de percentis é vantajosa no sentido em que os gráficos podem ser utilizados em adolescentes que já atingiram a puberdade; o IMC para crianças e adolescentes é comparável com as medições laboratoriais da gordura corporal; crianças e adolescentes com um IMC acima do percentil 95 têm uma maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e excesso de peso na idade adulta. Por exemplo, em relação a este método, há autores que referem que “até aos 18 anos, a forma mais correcta de ver qual o peso desejável é através das tabelas de percentis” (Sousa, 2006 cit. Carmo, 1999).
O Índice de Massa Corporal, calculado através da fórmula IMC= peso (kg) / altura2 (m), é de fácil aplicação mesmo em larga escala, sensível, específico para a identificação dos indivíduos com excesso de gordura corporal e não depende da experiência individual na recolha de dados. O IMC, padrão usado para os adultos, também mostrou uma boa correlação com a quantidade de gordura corporal das crianças. Estabeleceu-se, através de resultados de alguns estudos, que crianças acima do percentil 95 são definidas com sobrepeso ou obesidade e as que se situam entre os percentis 85-95 são consideradas em risco para sobrepeso. O valor de IMC obtido deverá ser encontrado numa tabela, em que valores inferiores a 18 equivalem a magreza excessiva; entre 18 e 24,9 a peso normal; entre 25 e 29,9 excesso de peso; entre 30 a 34,9 obesidade de grau I; entre 35 a 39,9 a obesidade de grau II e acima de 40 está a chamada obesidade mórbida. Hoje já se fala em “acima de 50” para a super obesidade e em “acima de 60” para a super-super obesidade. Esta actualização da tabela de IMC só vem reforçar a ideia de que a obesidade é, de facto, a epidemia do século XXI, tal é o aumento da sua prevalência (Ogden, 2000).
Tabela 1 – Cálculo do IMC

Relativamente aos métodos de medição e classificação da obesidade, Sousa (2006) destaca-nos mais algumas especificidades. O Índice cintura/anca tem sido considerado como estimativa indirecta de gordura intra-abdominal ou visceral. A relação entre o diâmetro da cintura abdominal e a região glútea proporciona um índice de distribuição regional da gordura que permite a avaliação dos riscos para a saúde.
A aplicação de técnicas de imagem, como a tomografia axial computorizada ou a ressonância magnética abdominal, permitem quantificar a gordura visceral. No entanto, estes procedimentos – devido à sua complexidade e preço – são reservados à investigação clínica.
Quanto às classificações, podemos destacar, entre as mais utilizadas, as que dizem respeito ao número e tamanho de adipócitos, à idade de início da obesidade, à distribuição predominante da acumulação adiposa, à dimensão da obesidade, às complicações que derivam da mesma e à causa que a origina.
A classificação de acordo com o número de adipócitos compreende a obesidade hiperplásica que se caracteriza por um grande número de adipócitos e corresponde à obesidade de início na infância ou na puberdade. Já a obesidade hipertrófica conduz a um aumento no tamanho dos adipócitos, mais do que no seu número e desenvolve-se na idade adulta.
Relativamente à classificação segundo a distribuição predominante da acumulação de gordura, destacam-se a obesidade andróide e a obesidade ginecóide. Na primeira, a acumulação de gordura dá-se a nível abdominal, aumentando de forma considerável o perímetro da cintura. Já na obesidade ginecóide a acumulação predomina na região subcutânea, particularmente na zona dos quadris e das coxas, o que dá lugar a um aumento do perímetro da anca, sendo mais frequente nas mulheres.

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